Homenagem a Fernando Arteche II

Com a permissão do nosso colega Aristheu Formiga, compartilho com vocês texto emocionado escrito por ele marcando a despedida de Fernando Arteche.

Correndo, andando longe
Esta semana, Fernando Arteche iniciou mais uma de suas grandes jornadas. Próximo que sempre foi dos desafios, buscou até o limite vencer barreiras que para alguns, são insuperáveis. Ele passou, todos nós vamos passar, cedo ou tarde, pela experiência de deixar de respirar, talvez melhor sonhar. Isto tudo faz parte do que um Mestre me ensinou como o ciclo da existência, acreditemos ou não. Mas Arteche era diferente, no comportamento, nos objetivos e na avaliação, que fazia dos fatos, dos processos e da vida. Trabalhamos juntos muitas vezes e, curiosamente, me ensinou mais do que supunha sobre existir, pelo exemplo, pelas decisões e pela capacidade de continuar acontecendo. Pelas razões que apenas o destino conhece, agora ele vai correr outras maratonas, pela razão que a vida quer.

Limites e fronteiras    Ele olhava com cuidado os momentos de decisão, as situações limite, talvez por que nascido na fronteira do Rio Grande com o Uruguay- escrito assim por lá, por que todos são bilíngues, conhecem a dubiedade das situações. Queria ser músico profissional, talvez pela capacidade de impressionar os outros com a arte, mas a vida lhe fez jornalista, porque exigia o olhar diferente sobre a realidade, para lhe modificar pela palavra. Nunca o vi com medo de superar obstáculos, mesmo quando mudou de trabalho, assumiu família, deixou o cabelo crescer e continuou a formação. Acompanhei a sua pós-graduação, nos diversos níveis, sua carreira docente e sua atuação classista entre os jornalistas. Nos encontramos recentemente na eleição para a Federação Nacional dos Jornalistas, quando, mesmo sob tratamento, se dispôs a votar, exercer o direito de opinar sobre algumas pessoas que fazem comunicação, que pretendem formar opinião, que acreditam trabalharem com informação. Não tinha vacilação, que tenha visto. Gostava da família, com a qual pedalava em Bombinhas, mesmo conhecendo seus limites, mas não respeitando fronteiras.

A fila anda

Como dizia Heráclito, nada é permanente nesta vida. Desenvolvemos uma tendência de apego às pessoas e coisas, devido ao conforto que nos proporciona, ou ao prazer que nos dá. Sentimos e vivenciamos as perdas, às vezes com dor ou pesar. Mas, nossa racionalidade ocidental nos acena que fatos como este são inevitáveis, a fila anda. Mas podemos, através da imaginação e do sonho, acompanhar esta jornada.


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